Fotografando em terreno sagrado
Fonte: http://evelisemorais.blogspot.com/2007/11/fotografando-em-terreno-sagrado.html
Com o progresso da fotografia digital e a competição do mercado fotográfico, adquirir uma câmera digital já não é mais um sonho distante. Como apaixonada pela arte fotográfica, fico feliz com tal crescimento que tem possibilitado o acesso de pessoas de diferentes idades e níveis econômicos à fotografia. Esse progresso pode ser facilmente percebido também no público cristão que tem usado suas câmeras para registrar eventos, cerimônias e momentos de confraternização nas igrejas. Mas qual o limite para se obter a foto desejada?
A fotografia tem um papel importante dentro da missão da igreja. Realizada de forma adequada, ela auxilia no registro da memória da igreja local e colabora com a divulgação de suas atividades. Deveríamos, portanto, celebrar a chegada das câmeras aos membros de nossas igrejas, pois elas auxiliam a cumprir a missão de comunicar Jesus. No entanto, o que deveria ser uma benção para a igreja, tem se tornando um grande incômodo. Pior, como já presenciei em diferentes templos, uma notória falta de respeito à casa de Deus.
Como Fotojornalista tenho acompanhado com receio o rumo que a fotografia tem seguido nos templos e outros locais onde são realizados congressos, campanhas evangelísticas e camporis. No afã de um bom ângulo, há fotógrafos que não se intimidam em interferir na programação, agindo como se não estivessem em um lugar santo. (Quando menciono fotógrafo, me refiro a qualquer indivíduo – leigo ou profissional – que use uma câmera fotográfica).
Um exemplo de como a fotografia se torna um irreverente estorvo ao invés de uma profícua ferramenta ocorre durante as cerimônias de batismo. Amigos e familiares desejam registrar o momento. Para não perder a hora certa do clique, todos se posicionam perto do tanque batismal. Como há pelo menos um fotógrafo para cada batizando, o resultado é um batalhão de pessoas à frente da igreja tirando a atenção e visão do público, causando tumulto e irreverência. O mesmo vale para os demais eventos da igreja.
A maioria das câmeras utilizadas faz parte da categoria compacta. Como essas câmeras são limitadas quanto à velocidade do obturador, sensibilidade da luz e zoom, é comum o fotógrafo conferir no monitor a imagem e refazê-la até atingir o resultado desejado. Em alguns casos essa limitação do equipamento e as condições ruins de iluminação e posicionamento resultam em uma imagem inútil que não poderá ser utilizada.
Falando em foto inútil, vale destacar as fotos feitas por celulares. Como o zoom desses equipamentos é quase inexistente, as pessoas se posicionam ainda mais próximas dos objetos a serem fotografados, registrando imagens que só serão utilizadas no próprio aparelho, com péssima resolução. A pergunta que se deve fazer é: “Vale atrapalhar o pregador, desviar a atenção de 50, 100 ou 150 pessoas para obter uma foto que não vou utilizar?” A resposta é fácil.
PROPÓSITO, QUALIDADE E QUANTIDADEApertar o obturador é a última etapa de um longo e fundamental caminho que passa pela técnica e linguagem fotográfica. Um dos primeiros passos antes de se começar a fotografar é saber claramente quais os propósitos do registro. Qual o objetivo da captura? Onde serão usadas as fotografias? Essa foto é tão importante a ponto sua execução tirar a reverência do ambiente?
A fotografia digital viabiliza a captura de muitas imagens sem o custo do filme. Muitos iniciantes se impressionam com essa vantagem, com o número de fotos que um cartão de memória é capaz de armazenar e compram o equipamento tendo em mente a grande quantidade de imagens que serão registradas, não a qualidade das mesmas. Basta pensar um pouco para perceber que mais vale ter 15 fotos de qualidade, que comuniquem claramente o que aconteceu no evento e que poderão ser impressas posteriormente, do que uma pasta com 100 imagens em baixa resolução, com enquadramento inadequado, tremidas, escuras que jamais serão utilizadas. O que importa é a qualidade, não a quantidade.
ONDE BUSCAR INFORMAÇÕES E DICAS SOBRE FOTOGRAFIA
A internet oferece uma gama incrível de informações. Para aprimorar sua técnica e linguagem fotográfica, pesquise em fóruns como: http://www.fotografiabrasil.com/,
CLUBE DE FOTÓGRAFOS ADVENTISTAS
Eu e meu amigo Rafael Machado criamos o Clube de Fotógrafos Adventistas. A proposta é reunir fotógrafos adventistas para disseminar a importância da fotografia na missão da igreja, trocando idéias e orientando interessados na área. Podem participar tanto profissionais quanto iniciantes.
Para reunirmos adventistas de todas as partes do mundo criamos o grupo
www.flickr.com/groups/advfoto que divulga fotos de eventos e estilo de vida adventista. O grupo atualmente tem 48 membros. Para participar, basta criar uma conta gratuita no www.flickr.com e se cadastrar no grupo dos Fotógrafos Adventistas.O QUE FAZER
Como parte das atividades do Clube de Fotógrafos Adventistas, realizamos algumas palestras sobre fotografia para as Associações Adventistas do Rio Grande do Sul. Durante as conversas, percebemos a nítida disposição do público em promover uma postura mais qualificada e respeitosa no ato de fotografar eventos promovidos pelas igrejas. Para tanto, destacamos algumas dicas básicas:
– Não teste sua habilidade fotográfica apenas no momento do evento. Com a igreja vazia, faça testes de luz e posicionamento. Assim, você saberá as regulagens ideais da câmera e os melhores lugares para o fotógrafo se posicionar, evitando percorrer a igreja atrás de um bom ângulo e tentar diversas vezes a mesma foto enquanto a programação é realizada.
– Pense bem antes de iniciar a jornada fotográfica em um evento. Reveja o propósito das imagens e registre somente o necessário.
– Saiba antecipadamente qual tipo de iluminação será utilizada e tenha em mãos a programação do evento para se posicionar melhor na igreja e evitar surpresas desagradáveis. Fale antecipadamente com os organizadores do evento para saber quais os momentos mais relevantes a serem registrados. Lembre-se de que o importante é a qualidade das imagens, não a quantidade.
– Faça parte do seleto grupo dos PQLM – Pessoas Que Lêem o Manual! Conheça todos os recursos de sua câmera para obter os melhores resultados e evitar fotografar em condições onde que seu equipamento não corresponderá à necessidade local. Por isso é importante não se contentar com o modo automático da câmera e aprimorar sua técnica.
– Use roupas neutras e sem muitos detalhes. O fotógrafo precisa se vestir discretamente para chamar o mínimo de atenção possível. Mulheres devem tomar o cuidado com o comprimento das saias e os saltos altos que, dependendo do piso, fazem um som significantemente perceptível.
– Oriente os fotógrafos visitantes e produtoras que registrarão eventos (como casamentos) em sua igreja sobre a postura que devem ter no registro das imagens.
– Eventos grandes. Os organizadores de eventos com grandes públicos conhecem a dificuldade de conter a massa de fotógrafos que se debate em frente ao palco para captar os melhores momentos da programação. Para camporis e batismos com grande número de batizandos, a sugestão é ter uma equipe de fotógrafos, devidamente identificados. No caso de batismos, o ideal é ter um fotógrafo para cada tanque batismal. Dessa forma não há tumulto e o fotógrafo pode registrar todos os batizandos e entregar posteriormente as fotos com alta qualidade para impressão. A dificuldade nesse processo é fazer os familiares entenderem que não poderão fotografar. Um argumento forte é o de que em uma cerimônia com 100 batizandos, por exemplo, a atuação de 100 fotógrafos será um caos certo.
Espero que esse artigo colabore com o progresso e a qualificação da fotografia em nossas igrejas, auxiliando nossos irmãos a registrarem a vida cristã, sem perderem a noção de que estão em um ambiente sagrado.
Quem quiser enviar sugestões, dúvidas ou experiências vividas na área pode fazê-lo pelo e-mail
evelise@4him.com.br Evelise MoraisJornalista e fotógrafa
Porto Alegre – RS